Nos últimos anos, o termo ESG (ou ASG, em português) ganhou destaque na mídia e passou a fazer parte do vocabulário das lideranças corporativas. Ele propõe que as empresas adotem novos critérios ambientais, sociais e de governança para criar negócios à prova de futuro.
A primeira vez que apareceu foi em 2004, no relatório Who Cares Wins, publicado pela ONU. Mas foi durante a pandemia que a sigla entrou na moda. As buscas pelo termo no Google triplicaram ao longo dos últimos anos.
Em janeiro de 2022, a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, anunciou uma série de iniciativas para posicionar a sustentabilidade no coração da estratégia de investimento. Logo, adotar práticas ESG se tornou um caminho para garantir rentabilidade a longo prazo. De acordo com Fábio Alperowitch, fundador da FAMA Investimentos, mais do que reduzir pegada de carbono, os investidores – especialmente os mais jovens – têm valorizado organizações que tenham uma atuação ética em toda a cadeia.
De 2020 pra cá, os investimentos sustentáveis movimentaram US$4 trilhões em ativos no mundo. No Brasil, ativos associados com selo ESG somaram cerca de R$84 bilhões. E o mercado de operações sustentáveis de crédito pode chegar a R$500 bilhões nos próximos 5 anos.
Mas apesar das estimativas otimistas, ainda há muito para ser feito no mundo corporativo brasileiro.
E por que todos deveríamos olhar para este assunto? Quais os possíveis impactos do ESG no dia a dia?
Maior atratividade de talentos
Funcionários em todo o mundo têm exigido mais de seus empregadores. Isso tem forçado as empresas a criarem ambientes mais inovadores, diversos e inclusivos. De acordo com o relatório Diversity Matters: América Latina, publicado pela consultoria McKinsey, há uma relação direta entre diversidade e performance financeira. O comprometimento com a diversidade aumenta os níveis de felicidade, o que gera comportamentos positivos. Empresas que adotam a diversidade são mais saudáveis, felizes e rentáveis.
Propósito
Os stakeholders dos quais a empresa depende para gerar lucros para os acionistas precisam estar engajados. Cada vez mais os consumidores atrelam a decisão de compra ao posicionamento das empresas em relação às questões sociais e ambientais.
87% da população brasileira prefere comprar de empresas sustentáveis
90% da população brasileira espera que os CEOs se manifestem publicamente sobre temas como o impacto da pandemia, a automação do trabalho e os problemas sociais locais
69% da população brasileira compra ou boicota uma marca com base no posicionamento dela em relação a questões sociais ou políticas
Incorporar o ESG à estratégia de negócio não custa muito mais caro. Mas ignorar o assunto, pode causar prejuízo à reputação e à receita de uma organização.
Inovação
Na base do capitalismo está o processo de constante reinvenção. Evoluir continuamente à medida que o mundo ao redor muda é o que pode garantir que uma empresa não será substituída pelas concorrentes.
Segundo o Relatório Diversity Matters, empresas percebidas como tendo uma diversidade maior na liderança e no quadro de funcionários têm probabilidade 25% maior de superar a performance financeira de seus pares.
Portanto, ESG não é uma meta para determinadas áreas da empresa. É decisão estratégica que pode impactar todos os níveis hierárquicos.
“Todas as empresas e todos os setores serão transformados. A pergunta é: você conduzirá ou será conduzido?”
Larry Fink provocou os CEOs e Think Eva mergulhou no universo ESG para entender melhor os caminhos dessa nova dinâmica. Acreditamos na cultura ESG como um passo promissor para mudanças estruturais, desde que alinhado a um trabalho constante e coerente com o tempo em que vivemos.
Quando uma empresa encara o ESG como mais uma demanda do marketing ou da responsabilidade social, se afasta da oportunidade de gerar impacto consistente na sociedade. Quando se atém a apenas uma das letras da sigla, ignora que o contexto social, a crise climática e os processos de governança são assuntos interdependentes.
Um problema ambiental também é um problema social.
Comunidades pobres e periféricas, por exemplo, são as que mais sofrem com os efeitos imediatos de um alagamento ou com a alta dos preços causada por uma queda na produção de alimentos.
Transformar a cultura de uma organização também é uma forma de colaborar com a transformação que se quer ver no mundo.
Não é à toa que o S (de Social) está no centro a sigla
Think Eva defende que é no centro da estratégia de negócios que as questões sociais precisam estar para que as agendas ambientais, sociais e de governança estejam alinhadas.
Portanto, é importante checar se na empresa:
- há espaço para a diversidade de realidades entre as pessoas da equipe
- as condições de trabalho levam ao desgaste da saúde mental, emocional e/ou física
- os prazos e as relações são respeitosas
- há oportunidades de treinamento e desenvolvimento
- há iniciativas que promovam senso de pertencimento
- os fornecedores compartilham dos mesmos valores e princípios
- os clientes são colocados como prioridade e estão satisfeitos
- os processos estão alinhados com a Lei Geral de Proteção de Dados
- existe vontade de contribuir com a comunidade na qual está inserida
Iniciativas como o curso de Relações Saudáveis promovido pela Natura, as 10 mil bolsas de estudo oferecidas por Magalu para vítimas de violência doméstica e a política de licença parental estendida da Assurant – todas feitas em parceria com Think Eva – declaram a importância de se firmar um compromisso mais assertivo com o futuro.
É fundamental que as marcas entendam seu papel político e atuem de forma mais abrangente. Que as empresas se empenhem não só em amenizar a crise climática ou repensar princípios administrativos. Mas também liderar transformações culturais.
ESG não é algo que você faz, é tudo que você faz e como você faz
Na prática, uma atuação voltada para os princípios ESG vai além de amenizar os impactos negativos causados pela empresa, adotar um discurso de responsabilidade social ou aumentar a verba do marketing. ESG é investimento genuíno em inovação e impacto positivo. Precisa fazer parte da estrutura e da estratégia de todas as áreas.
Empresas geram impacto – na vida de colaboradores, de clientes e da população em geral – apenas por existir. É urgente que as lideranças se conscientizem sobre o alcance social – e político – das decisões que tomam no mundo corporativo. Caso contrário, a sigla será mais uma moda que cria muito buzz e pouco legado.
ESG não é uma meta, é um modo de fazer negócios e de moldar o futuro.
Estamos em transição para um novo que ainda não nasceu.