A igualdade de gênero é fundamental para um futuro sustentável – mas ele só será alcançado com mais mulheres na ciência.
No dia 11 de fevereiro foi celebrado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, data criada pela ONU para incentivar e desenvolver o público feminino no setor científico. Esse também é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, já que apesar dos avanços das últimas décadas na luta pelo direito à educação, as mulheres ainda representam apenas 33% de todos os pesquisadores do mundo. No Brasil, a desigualdade de gênero, a sub-representação e a falta de reconhecimento das mulheres atravessam diretamente a produção científica: 90% das cientista brasileiras premiadas relatam já ter sofrido preconceito de gênero ao longo de sua carreira, e além disso, apenas 3% das professoras de pós-graduação no Brasil são negras. Durante a pandemia, a produtividade de pesquisadoras negras e pesquisadoras com filhos teve uma queda acentuada quando comparada a outros grupos.
A ausência de mulheres na ciência já se provou catastrófica: até 1988 os medicamentos só eram testados em homens, sendo desconhecidos os efeitos colaterais no público feminino. Em 1996, um levantamento do Ministério da Saúde constatou que 45% das mulheres pobres e negras no Brasil foram esterilizadas em idade reprodutiva, resultado da intersecção entre machismo e racismo científico. A violência obstétrica, que atinge 45% das pessoas parturientes que são atendidas no SUS, também tem suas bases na ciência misógina e racista. Para alterar esses cenários, a contribuição das mulheres foi crucial.
A diversidade de gênero é fundamental para o fazer científico. Dados apresentados na Gender Summit 2021 revelaram que os avanços tecnológicos e as descobertas científicas possuem forte relação com o progresso na inclusão feminina, comprovando a importância delas para a produção de conhecimento e para integração da perspectiva de gênero nos estudos de diferentes áreas. Desse modo, ainda que as cientistas do passado sejam inspiradoras, é preciso conhecer e apoiar também as mulheres que têm inovado na atualidade. Pensando nisso, a Think Eva trouxe uma lista com algumas cientistas da atualidade cujas pesquisas já estão impulsionando um futuro mais sustentável e igualitário para todas as pessoas.
Brechó de Carbono: Jenny Sayaka é mãe, cientista e idealizadora do Brechó do Carbono. Ela propôs uma solução para as toneladas de tecidos descartadas pela indústria têxtil ao transformá-los em carvão ativado.
Copo anti-assédio: O “boa noite, Cinderela” é indetectável depois de misturado a bebidas – mas as estudantes Nicolli Marques, Giovanna Moraes, Giovanna Avila e Natally Souza criaram um copo que muda de cor sempre que identifica sua presença em líquidos.
Absorvente de 2 centavos: As estudantes Camily dos Santos e Laura Drebes desenvolveram um absorvente biodegradável de apenas R$ 0,02! Elas substituíram a matéria-prima tradicional por resíduos da agroindústria e da indústria farmacêutica.
Memória resistiva de ITO: A cientista Marina Sparvoli criou uma memória resistiva de ITO que pode substituir as placas de silício atualmente utilizadas nos computadores e videogames. Ela irá salvar dados mesmo em quedas de energia e é potencialmente mais sustentável.
Ela sequenciou o genoma da SARS-COV-2: A biomédica Jaqueline Goes de Jesus foi uma das primeiras a sequenciar o genoma do SARS-COV-2, que teve um papel fundamental para a ciência e no desenvolvimento das vacinas para a covid-19. E isso em tempo recorde: foram 48 horas para conseguir o sequenciamento do vírus.
Quando meninas e mulheres fazem ciência, surgem soluções inclusivas, sustentáveis e inovadoras para os problemas atuais.
Este conteúdo foi escrito em colaboração com Rubiana Viana.